Operação Limpa Oca invade o AquaRio
Com a proposta de conscientizar a população sobre o correto descarte do lixo e a preservação do meio ambiente, o mutirão “Limpa Oca” - realizado pelo Projeto UÇÁ com o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental – será reproduzido em uma exposição interativa no AquaRio. A mostra poderá ser visitada de 17/01 a 03/02, das 9h às 19h.
Após enfrentar intempéries climáticas, marés, insetos e uma série de outras dificuldades, 105 catadores de caranguejo, pescadores e moradores de comunidades ribeirinhas desenterram o lixo da lama e o transportam de barco até a sede do Núcleo de Gestão Integrada da Área de Proteção Ambiental de Guapi-Mirim e Estação Ecológica da Guanabara (NGI – APA/ESEC - ICMBio), nos manguezais do Recôncavo da Guanabara, na Baixada Fluminense. Mais de 22 mil quilos de resíduos foram retirados em seis hectares de manguezais da Baía de Guanabara.
Esse processo será reproduzido no Aquário como um alerta lúdico e educativo sobre o aumento de resíduos e a presença de micro e macro plásticos nos mangues cariocas, de fundamental importância para o equilíbrio ambiental e para a manutenção da vida marinhaque ainda resiste na Baía da Guanabara.
As crianças, por exemplo, serão incentivadas a passar por um emaranhado de elásticos com "lixos" pendurados, simulando a locomoção de organismos marinhos no meio oceânico. O objetivo é estimular nos pequenos a reflexão sobre como deve ser nadar no meio dos resíduos.
Na mostra será possível ainda simular como vivem nos mangues os caranguejos-uçás (Ucides Cordatus), um dos símbolos deste ecossistema. “O lixo que impacta os manguezais não causa dano só local. Ele pode ser absorvido (direta ou indiretamente) na cadeia alimentar e chegar ao homem. Portanto, adotar atitudes ecologicamente corretas não é só para ajudar o planeta ou o ecossistema. O simples ato de descartar corretamente o lixo nosso de cada dia é uma questão de saúde pública e respeito a si mesmo”, explica o presidente da ONG Guardiões do Mar e coordenador nacional do Projeto Uçá, Pedro Belga. O evento estreia no dia 17 de janeiro e faz parte da programação de verão do Aquário Marinho do Rio de Janeiro, com atividades indicadas para toda a família.
Muito além do relevante serviço ecossistêmico, ao retirar resíduos que diminuem áreas livres para o estabelecimento de novas árvores, entopem tocas de caranguejo e causam a morte de animais através da ingestão desses resíduos quando em partículas pequenas, a operação “Limpa Oca” tem importantes ganhos sociais: catadores de caranguejo são contratados para limpar os manguezais recebendo bolsa auxílio na época do defeso (período em o crustáceo está protegido por lei, para se reproduzir) e ajudam a manter um mangue mais seguro, com menos possibilidades de acidentes como cortes, por conta do excesso de lixo.
Lixo ameaça a vida na Baía de Guanabara
“O despejo de lixo e esgoto se torna gravíssimo por se tratar de uma área de berçário da vida, não só da Baía de Guanabara, mas da costa fluminense. É ali, nessa que é maior área de manguezais preservados do Estado do Rio, que inúmeras espécies habitam ou passam um período de suas vidas (larva, juvenil ou adulto). Os manguezais fornecem ainda segurança alimentar, são filtros biológicos, proteção contra erosão e condições climáticas extremas e ainda tem vital importância socioeconômica, sendo útil, direta e indiretamente para mais de 10 milhões de pessoas que fazem parte da bacia contribuinte da Baía”, complementa Pedro Belga.
Com sede em São Gonçalo, o Projeto Uçá atua em outros sete municípios: Niterói, Guapimirim, Maricá, Magé e Itaboraí, Cachoeiras de Macacu e Teresópolis, conhecendo de perto os desafios da poluição na Baia da Guanabara. Apenas dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapi-Mirim, o projeto já retirou mais de 22.000 kg de resíduos sólidos em mutirões com as comunidades costeiras - com a parceria dos pescadores da Cooperativa Manguezal Fluminense, ACAPESCA (Associação de Catadores de Caranguejo e Pescadores de Itambí) e a ACCAM (Associação de Catadores de Caranguejo de Magé). Por isso, entre os objetivos da ação, também estão avaliar qualitativa e quantitativamente a chegada desses resíduos à área de proteção permanente, para sensibilizar o olhar e o comportamento da sociedade com relação aos ecossistemas costeiros. “Todos sabem que o lixo além de impactar o meio ambiente é levado por rios, mares lagoas e um dos grandes fatores causadores de enchentes. Na Baía de Guanabara desembocam cerca 55 rios, o trabalho não pode parar”, conclui Pedro Belga.
O Projeto Uçá – com o patrocínio da Petrobras - já reflorestou em 4 anos mais de 182 mil m2 de manguezais, o que equivale a mais de 24 campos de futebol do maracanã. Além de ser objeto de artigos, trabalhos de conclusão de curso e quatro dissertações de Mestrado, para o biênio 2018-2020, ele vai atuar na melhoria da qualidade ambiental em 08 municípios da região da bacia contribuinte da Baía de Guanabara. Serão feitas ações de manutenção e monitoramento de manguezais, educação ambiental e produção de conhecimento científico de forma sustentável, priorizando os pescadores e catadores e caranguejo. O objetivo é contribuir para o conceito de “Lixo zero” e as práticas corretas de descarte de resíduos sólidos na Baía.
Serviço:
Projeto UÇÁ leva a operação “Limpa Oca” para o AquaRio - Aquário Marinho do Rio de Janeiro
Praça Muhammad Ali, Gamboa (em frente aos Armazéns 7 e 8 do Porto do Rio)
Onde? Área de Exposição 2
Quando? Entre os dias 17/01 e 03/02
Que horas? Das 09h às 19h
Mais informações:
www.aquariomarinhodorio.com.br
www.projetouca.org.br