Cinemas seguem em dificuldade com a pandemia
As salas de cinema foram um dos primeiros locais afetados logo no início da pandemia. Afinal, com a pequena distância entre as poltronas e pouca ventilação no ambiente, a população deixou de ir aos cinemas antes mesmo de as autoridades restringirem a abertura das sessões.
O prejuízo não é apenas dos empresários donos das salas, mas também de toda a indústria cinematográfica, que perdeu quase todo o faturamento em bilheteria. Uma estimativa do portal The Wrap indicou que o prejuízo mundial do setor foi de cerca de 155 bilhões de reais. Ao todo, em 2020, o segmento do cinema ganhou pouco mais de R$10 bilhões em todo o mundo, uma queda de mais de 80% em relação ao ano anterior.
No Brasil, o setor do audiovisual estava em franco crescimento antes da pandemia. No ano de 2018, foram movimentados quase R$27 bilhões. Uma pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas, intitulada Relatório Sobre os Impactos Econômicos da Covid-19 na Indústria Criativa, que analisou não apenas o cinema, mas também outras áreas relacionadas à arte, cultura e mídia, constatou que a indústria perderá aproximadamente 64 bilhões de reais entre 2020 e 2021. Em meio à crise, uma das poucas alternativas para os produtores culturais foi a Lei Aldir Blanc, que contemplou vários agentes da região.
Considerando apenas o faturamento com bilheteria, a queda no Brasil foi de 78%. Em 2019, o setor movimentou R$2,8 bilhões e, em 2020, R$646 milhões.
Durante os longos 14 meses de pandemia, alguns cinemas até tentaram buscar alternativas para voltar a faturar. Uma das mais vistas no Brasil foi a do drive in, em que os espectadores ficam dentro de seus carros. A prática era muito popular nos tempos antigos. Mas, evidentemente, tem suas limitações: é preciso um local muito maior, a qualidade da exibição acaba diminuindo a céu aberto e nem toda a população tem acesso fácil, já que é necessário ter um veículo.
Os grandes festivais de cinema se adaptaram e migraram para os meios digitais, liberando as exibições dos filmes para o público. Mas, quem realmente ganhou com o fechamento das salas foram os serviços de streaming. As grandes produções de Hollywood, que normalmente movimentariam bilhões em bilheteria, se viram obrigadas a alterar drasticamente as estratégias de distribuição. Com isso, muitos lançamentos foram feitos diretamente nas plataformas digitais, pulando a etapa de exibição nos cinemas.
A lista de concorrentes do último Oscar já evidencia essa mudança na forma de distribuição. De acordo com a base de dados do portal agregador latenightstreaming.com, três das dez produções que concorreram ao prêmio de melhor filme foram lançadas primeiramente em algum site de streaming.
Para efeitos de comparação, o faturamento da Netflix no Brasil foi de R$6,7 bilhões em 2020, número que é mais de 10 vezes maior do que o faturamento registrado pelas salas de cinema.