Olho vivo, faro fino | 17 de janeiro de 2011 - 13:42
Porcos, vacas, pedras & outros mamíferos
Um sábado desses, ensolarado, acordei cedo e fui levar o carro para o “Lava Jato”, desses de rua, onde fiquei sacaneando o dono dizendo que mais tarde traria meu jatinho, tendo em vista que o certo seria “Lava a jato”. Na ida passei pela porta da casa do João Rapinha, o maluco da rua. Dei-lhe uma fisgada:
- Aí maluco! teu marido botou você pra trabalhar bem cedinho.
- é! Vou botar todas as pedras aqui pra fora.
Quando voltei do “Lava Jato”, horas depois, percebi que havia uma grande quantidade de pedras na calçada. A pilha chegava quase à altura do muro. Logo pensei... a mãe dele vai limpar o quintal e a Comlurb pegará as pedras mais tarde.
Dei-lhe outra sacaneada no maluco.
Aí Rapinha!!! Demora muito não! Deu no jornal que vai chover hoje à tardinha. Vai desabar um temporal du cacete. Vai ter cearense bebendo água em pé. No jornal disse até que vai chover dentadura e olho-de-vidro!
Fui pra casa e à noitinha, já com a “Marmita” nos trinques! (“Marmita” é o modelo do meu carro. Marca Fiat, modelo Pálio Marmita - entrou é comida), passei pela porta do João Rapinha (o Rapinha no sobrenome vem do fato de que ele azarava a rapa de todo mundo) e percebi que a quantidade de pedras havia diminuindo pela metade. Foi quando perguntei ao Rapinha:
- Maluco! Tá botando as pedras pra dentro de novo?
- É! Só botei pra fora pra elas pegarem um ventinho durante uns dias, porque onde elas estavam era muito quente, mas você falou que vai chover e eu não quero que elas se afoguem.
Peguei uma pedra de mais ou menos uns 80 centímetro e comecei a dar o exemplo prático da minha teoria:
- É isso aí João! Temos que tratar bem nosso rebanho de pedras. Hoje ela tá pequenininha, mas quando crescer e começar a dar leite e carne todo mundo vai te procurar pra pedir. Ela tá durinha-durinha, tá vendo? Mas assim que o rabinho sair e a pele ficar cheia de manchas... ela começa a dar leite e carne pro churrasco. As grandes viram vacas e as menorzinhas viram porco, que é a carne que eu mais gosto.
E ele continuou a guardar as pedras lá no fundo do quintal, debaixo de um telheiro com telha de amianto, quente pra cacete!
Ele pareceu não acreditar muito na minha teoria Darwiniana da origem dos mamíferos. Mas eu corroborei:
- Tem duas coisas nesse mundo que eu nunca faço com maluco, meu caro Rapinha:
- a primeira é nunca mentir e a décima-terceira é nunca dar às costas pra maluco. Por isso, meu caro Rapinha, tô que nem a Cedae – vazei!!! Vou embora! Tchau!!!!
Depois disso não lembro de mais nada! Só lembro de ter sentido uma paulada nas costas, mesmo assim muito vagamente!
Dias depois de ter deixado o hospital e passando de carro pela porta da casa do Rapinha, lá estava ele botando o rebanho de pedras pra pegar solzinho, só que desta vez, as pedras maiores estavam amarradas pra não fugir.
- Aí maluco! teu marido botou você pra trabalhar bem cedinho.
- é! Vou botar todas as pedras aqui pra fora.
Quando voltei do “Lava Jato”, horas depois, percebi que havia uma grande quantidade de pedras na calçada. A pilha chegava quase à altura do muro. Logo pensei... a mãe dele vai limpar o quintal e a Comlurb pegará as pedras mais tarde.
Dei-lhe outra sacaneada no maluco.
Aí Rapinha!!! Demora muito não! Deu no jornal que vai chover hoje à tardinha. Vai desabar um temporal du cacete. Vai ter cearense bebendo água em pé. No jornal disse até que vai chover dentadura e olho-de-vidro!
Fui pra casa e à noitinha, já com a “Marmita” nos trinques! (“Marmita” é o modelo do meu carro. Marca Fiat, modelo Pálio Marmita - entrou é comida), passei pela porta do João Rapinha (o Rapinha no sobrenome vem do fato de que ele azarava a rapa de todo mundo) e percebi que a quantidade de pedras havia diminuindo pela metade. Foi quando perguntei ao Rapinha:
- Maluco! Tá botando as pedras pra dentro de novo?
- É! Só botei pra fora pra elas pegarem um ventinho durante uns dias, porque onde elas estavam era muito quente, mas você falou que vai chover e eu não quero que elas se afoguem.
Peguei uma pedra de mais ou menos uns 80 centímetro e comecei a dar o exemplo prático da minha teoria:
- É isso aí João! Temos que tratar bem nosso rebanho de pedras. Hoje ela tá pequenininha, mas quando crescer e começar a dar leite e carne todo mundo vai te procurar pra pedir. Ela tá durinha-durinha, tá vendo? Mas assim que o rabinho sair e a pele ficar cheia de manchas... ela começa a dar leite e carne pro churrasco. As grandes viram vacas e as menorzinhas viram porco, que é a carne que eu mais gosto.
E ele continuou a guardar as pedras lá no fundo do quintal, debaixo de um telheiro com telha de amianto, quente pra cacete!
Ele pareceu não acreditar muito na minha teoria Darwiniana da origem dos mamíferos. Mas eu corroborei:
- Tem duas coisas nesse mundo que eu nunca faço com maluco, meu caro Rapinha:
- a primeira é nunca mentir e a décima-terceira é nunca dar às costas pra maluco. Por isso, meu caro Rapinha, tô que nem a Cedae – vazei!!! Vou embora! Tchau!!!!
Depois disso não lembro de mais nada! Só lembro de ter sentido uma paulada nas costas, mesmo assim muito vagamente!
Dias depois de ter deixado o hospital e passando de carro pela porta da casa do Rapinha, lá estava ele botando o rebanho de pedras pra pegar solzinho, só que desta vez, as pedras maiores estavam amarradas pra não fugir.
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