Nelson Cavaquinho & a pluralidade temática
Quando Nelson Antônio da Silva nasceu em 29 de outubro de 1911, na Rua Mariz e Barros, na Tijuca, o samba existia há muito anos, formatado em suas diversas modalidades pelo “Inventores”, entre os quais Donga, João da Baiana, Sinhô, Mano Elói, Baiaco, Brancura e Ismael Silva. Nélson Cavaquinho, assim como Cartola, Noel Rosa, Carlos Cachaça, Paulo da Portela, Silas de Oliveira, Aniceto do Império,
Zé Kéti, Anescar do Salgueiro e Mano Décio da Viola, entre outros, fazem parte da segunda geração do samba, os “Mestres”, usando uma categoria poundiana, ressaltando que eles combinam um certo número de processos e os usam tão bem, às vezes, melhor que os “Inventores”.
O pseudônimo se deveu ao fato de na juventude ser um exímio tocador de cavaquinho, por isso era conhecido como Nélson do Cavaquinho e frequentador das rodas de samba e choro do Rio de Janeiro. Mais tarde, trocou o instrumento pelo violão devido aos dedos gordos e o pseudônimo perdeu o “do”, ficando apenas Nelson Cavaquinho.
“Não faça a vontade dela” foi sua primeira composição gravada por Alcides Gerardi, em 1939. Entre 1943 e 1946 teve quatro sambas gravados por Cyro Monteiro, quando ainda assinava N. Silva, permanecendo assim até o registro de “Palhaço”, em 1951, por Dalva de Oliveira.
Os sambas de Nelson Cavaquinho combinam temáticas variadas, entre as quais o uso da “Poética da Morte”, cantando com sua voz rouca este tema, chegando a ser chamado de “Baudelaire do Samba”, como podemos notar em “Quando me chamar saudade”, com Guilherme de Brito.
Sempre fazendo uso da “Poética do Desvio do Convencional” perfila outros temas, definindo os lugares, tanto o que ocupa em relação a seu tempo e às pessoas, quanto o que ocupam em relação a ele, como no samba “Notícia”, com Alcides Caminha e Norival Bahia, que versa sobre “traição” e “vingança”.
Em “Juízo final”, com Élcio Soares, usa de um tema universal, neste caso “O Mal”, samba no qual assume a pose de “profeta”. No “Coração poeta”, com Paulinho Tapajós, a metalinguagem junta-se à percepção, clareando e levando à conscientização proposta.
Um de seus sambas mais conhecidos é “Folhas secas”, com o melodista e letrista Guilherme de Brito, no qual fazem apologia e declaração de amor à Escola de Samba Mangueira, para a qual nunca compôs um samba-enredo, contudo, em 2011, seria homenageado por ela, que desfilou com o enredo “O Filho Fiel, Sempre Mangueira”.
Com Guilherme de Brito e Alcides Caminha (que assinava Carlos Zéfiro como desenhista) compôs “A flor e o espinho”, no qual as antíteses fazem a diferença no desenvolvimento da temática.
Em “Erva daninha”, com Guilherme de Brito, os autores exploram o caso de um relacionamento amoroso-conflituoso, e em “Pranto de poeta”, com o mesmo parceiro, exaltam o Morro de Mangueira, o qual começou a frequentar, com seu cavalo “Vovô”, quando integrava a Polícia Militar. Em 1952 iria morar por um tempo no morro.
A década de 1960 foi de retomada de seu valor estético como sambista e da importância de sua produção musical, sendo uma das fases mais profícua com regravações e gravações de inéditas. Frequentador contumaz do Restaurante Zicartola, de Cartola e Dona Zica, no centro do Rio de Janeiro, foram feitos registros por novas cantoras como Nara Leão (1964 e 1965) e pela veterana Elizeth Cardoso, em 1965, no LP “Elizeth Sobe o Morro”.
A primeira cantora a lhe dedicar um LP, produzido por Sérgio Porto e arranjos de Radamés Gnattali, foi a alagoana Thelma Soares, em 1966, no qual participou interpretando três faixas. No ano seguinte, em 1967, o seu depoimento para o Museu da Imagem e do Som, na gestão de Ricardo Cravo Albin, lhe renderia o disco “Depoimento de Poeta”, interpretando 12 faixas, registrando as conversas agradáveis da mesa composta por Sérgio Cabral, Eneida, Sargentelli e Elizeth Cardoso. O LP, somente seu, depois de 40 anos como compositor, foi lançado pelo Selo Castelinho em 1970.
A segunda homenagem viria em 1985 com o LP “Flores em Vida”, do qual participaram Chico Buarque, João Bosco, Paulinho da Viola, Toquinho, Beth Carvalho, Cristina Buarque, Mauro Duarte, o produtor Carlinhos Vergueiro e o compositor interpretando quatro faixas, vindo a falecer em 18 de fevereiro de 1986.
Teve como parceiros os letristas Alcides Caminha, Hermínio Bello de Carvalho, Paulo César Pinheiro, Paulinho Tapajós, Ratinho e Paulo César Feital.
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