Encontro aborda conscientização e prevenção do HIV/AIDS no Dezembro Vermelho
Em alusão ao Dezembro Vermelho, a Câmara de Duque de Caxias sediou, em 13/12, o evento sobre a conscientização, prevenção, assistência e promoção dos direitos humanos das pessoas vivendo com HIV/AIDS.
Representantes da Associação Missão Resplandecer (Amires) que atua, há 23 anos, no município, estiveram presentes. Para a fundadora, Cleide Jane, existe a necessidade de mais esclarecimentos sobre o HIV/AIDS e, principalmente, de incentivo ao teste rápido que pode levar ao diagnóstico precoce, proporcionando o início imediato do tratamento.
“Isso não é só em Duque de Caxias não, é no Brasil inteiro, a gente sente falta dessas campanhas e desses testes rápidos itinerantes. O dia 13 de dezembro tem que entrar no calendário do município”, disse Cleide Jane.
O coordenador do Programa Municipal de IST/AIDS e Hepatites Virais, Dr. Gustavo Maia, fez uma apresentação sobre a estrutura assistencial do município de Duque de Caxias. “O principal cenário que ainda leva ao óbito é o de pessoas que ainda não têm o diagnóstico de HIV, ou seja, são pessoas que chegam nas unidades de saúde, normalmente, nas emergências, já adoecidas, com infecções e doenças oportunistas”.
Vereador Nivan Almeida destacou a importância da discussão na Casa Legislativa. “O poder público precisa se manifestar e se colocar à disposição. Foi uma tarde de esclarecimentos, de lutas. A fala do Dr. Gustavo foi muito importante também porque deu para a gente um norte da forma de como a cidade está lidando com isso”.
Representando o Coletivo Feminista Gabriela Leite, Luciana Targino, destacou que Duque de Caxias é o único município do Estado que elaborou o Plano Municipal de Feminização do HIV/AIDS, e cobrou ações visando à redução do número de mortes. “Estamos numa Casa de Leis e essas leis precisam ser validadas, ser regulamentadas, e a população precisa ter acesso. O Instituto Gabriela Leite é uma ONG feminista, é um coletivo feminista que pauta justamente as políticas públicas para as mulheres vivendo com HIV/AIDS”
Representando o Fórum Tuberculose e DST/AIDS, Matheus Cardoso veio de Cabo Frio/RJ e reforçou as palavras de Cleide Jane sobre a prevenção. “O diagnóstico precoce é muito importante, mas a gente não pode esquecer, de forma alguma, de trabalhar de forma mais ampliada ainda a prevenção. Hoje, a gente não vê mais tantas campanhas como a gente via antigamente”.
O coordenador do Centro de Cidadania da Baixada, Leandro Graciolli, destacou que hoje, tem tratamento, medicação eficaz, gratuita, distribuída pelo SUS, e mesmo assim, há um número muito alto de mortes por AIDS. Ele explicou o trabalho do centro que atende a população LGBT, vítima de violência, e que é mais sensível ao HIV.
Leandro argumentou ainda sobre a imprecisão dos números já que, muitos casos de HIV/AIDS, não são notificados por uma série de fatores. “Caxias trouxe aqui 5.042 atendimentos num município com mais de um milhão de pessoas. Não é porque o programa de saúde não está fazendo. Ele está fazendo, mas, de repente, aquela pessoa não chega até ele, por conta de várias questões, principalmente, o preconceito”.
Dr. Diego Piassabusu, representando a Comissão de Direitos Humanos da OAB/DC, ressaltou que “quando a gente fala de saúde, quando a gente fala de acesso à informação, quando a gente fala de política pública, a gente está falando de direitos humanos”.
Entre os homenageados com Moções de Aplausos, esteve a médica Denise Bernardes. “Realmente, uma coisa que impacta hoje ainda, apesar de eu já ter 33 anos aqui, é o preconceito. Eu me deparo com meus pacientes quando precisam fazer algum outro procedimento, perguntando: ´Drª, eu preciso falar que eu sou ...?´. É uma coisa que a gente não conseguiu que a sociedade, como um todo, diminuísse essa visão de preconceito contra as pessoas vivendo com HIV/AIDS”.