Artigo: As novas tecnologias e as desigualdades sociais
Nos últimos anos percebemos que houve uma transformação surpreendente no nosso modo de vida. As implicações tecnológicas junto à sociedade contemporânea contribuíram em muito para elevar, digo, modificar a educação e o modo que vemos o mundo. A globalização força a sociedade a viver, mais do que nunca, sob o domínio das novas tecnologias. É claro que a tecnologia é boa. Ela vem para nos trazer conforto. Estamos cada vez mais dependentes de aparelhos eletrônicos, computadores e celulares. Com as novas tecnologias, a velocidade da informação e o processo de comunicação tornam-se cada vez mais comuns. É inegável a importância de acompanharmos a evolução tecnológica e a sua influência na complexa sociedade globalizada.
Mas, temos uma relação tão profunda com as máquinas que chegamos a esquecer, não ver ou não perceber a incoerência das desigualdades que encontramos na sociedade.
Acredito que não podemos ligar o crescimento do padrão de vida com as novas tecnologias, mas, graças às novas tecnologias, especialistas dizem que o Brasil é hoje um país desenvolvido. Então, por que ainda existem milhões de brasileiros morando nas ruas? E por que muitos podem até ter uma casa para morar, mas, não conseguem supri-las, passando necessidades quase que da mesma forma?
Ainda continuamos com uma enorme desigualdade social. Convivemos com a falta de infraestrutura; analfabetismo; trabalho infantil; educação desqualificada; falta de investimentos nos profissionais de educação; criminalidade; prostituição; gravidez na adolescência; tráfico; falta de saneamento básico. Pesquisas revelam que apenas 20% do esgoto coletado recebe algum tipo de tratamento e a maior parte é lançada nos sistemas hídricos, o que aumenta a exposição da população a doenças. Enfim, milhões de problemas que não revelam um país desenvolvido. E eu não mencionei transporte e saúde, este último para mim é o maior dos problemas. E também não podemos esquecer que mesmo com tanta tecnologia o país sofre com a escassez crescente de trabalhadores qualificados. É antagônico tudo isso, não é?
São tantos problemas que ainda temos que enfrentar. Não podemos ficar hipnotizados com nossos aparelhos modernos de última geração, e deixar de resolver esses problemas que milhões de brasileiros enfrentam todos os dias. Saúde, educação, saneamento básico são essenciais para a vida e a continuidade de qualquer sociedade que quer se dizer rica e desenvolvida.
Uma observação baseada na evolução de outros países revelam recomendações políticas dirigidas ao restabelecimento da credibilidade do Estado a partir da redistribuição da renda, do forte investimento nas áreas sociais, principalmente em saúde e educação, e da reestruturação de instituições fundamentais como: polícia e escola.
Sou otimista, acredito no homem de bem e tenho certeza que conseguiremos vencer tudo isso. Acredito em dias melhores. Para superarmos essas situações, do meu ponto de vista, só existe uma solução que é através da educação. Com investimento intensivo em todos os níveis da educação formal. Do ensino técnico ao tecnológico. Do básico ao superior, pela ampliação do acesso às novas tecnologias e pelo desenvolvimento de outros meios de aprendizagem. Assim caminharemos em direção à prosperidade, à saúde e ao verdadeiro desenvolvimento.
*Aureo é deputado federal (Solidariedade/RJ)
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