Baixada Prosa & Verso | 12 de julho de 2017 - 19:27

Hora de renovar os conceitos

Revi a entrevista que concedi ao programa “Quitanda Cultural” do Daniel Guerra, se não me engano, em 2009. Afora as incompletudes normais de quando se fala ao vivo, sem ensaio ou edição (como não ter citado o professor Paulo Ricardo, fundador do Grupo Calabouço ou o jornalista Adalberto Cantalice - ícone de toda uma geração - ou o grupo Desmaio Públiko), senti forte necessidade de renovar os conceitos ali expostos.


De lá pra cá muita água rolou na cultura de Nova Iguaçu e da Baixada Fluminense. Como exemplos, cito a multiplicação dos saraus, que acompanha e estimula a publicação de livros, fanzines e outros veículos de literatura, especialmente poesia; a importância da produção audiovisual (aí incluídos os cineclubes e festivais, bem como a fotografia) e a utilização da internet como meio de comunicação, que interfere, cria novas formas e dinamiza a divulgação e a distribuição de produtos culturais. Até o passado se renova sob a ótica da produção atual. Ganham musculatura e desvendam com novos possíveis olhares as iniciativas coletivas como o Cineclube Mate com Angu e a Revista Arrulho (Caxias), o Cineclube Buraco do Getúlio (Nova Iguacu), o Centro Cultural Donana (Belford Roxo), o Sarau Rua (Nilópolis), o Movimento Enraizados e o Caleidoscópio (Morro Agudo, quase outra cidade) e tantos mais.


Ainda como vertente dessa maré coletivista criam-se ou reaparecem com força os grupos e as redes teatrais: Grupo Código, CETA, Rede Baixada em Cena. Sem falar nas manifestações culturais mais imediatamente identificadas como cultura popular: blocos carnavalescos, afoxés, maracatus e folias de reis.


A novidade de maior potência hoje, a meu ver, são as chamadas rodas culturais ou rodas de rima, que acontecem nos bairros e reúnem uma galera muito jovem em torno do RAP e de outras manifestações da cultura Hip Hop.


A falta de continuidade dilui as poucas iniciativas sérias de apoio do poder público à atividade cultural. O que por si só já daria um capítulo à parte.


Alguns protagonistas do movimento cultural da região, cansados da pouca atenção dos sucessivos governos, buscam formas alternativas de sustentação, como as parcerias com empresas e instituições e as campanhas de financiamento público coletivo. De modo geral, a sociedade ainda responde timidamente a essas provocações. Mas o campo está aberto para uma multiplicidade de formatos. Até porque os agentes e produtores culturais, bastante diversos em formação, método e objetivos, parece que possuem um ponto em comum: vieram para ficar e não vão desistir fácil dos seus corres - como se diz no linguajar típico da galera que trabalha hoje com arte e cultura nas periferias.



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Sobre o autor

Jorge Cardozo é Poeta e Gestor de Projetos Culturais e um dos protagonistas da movimentação cultural na Baixada Fluminense. Enquanto prepara seu novo livro de poemas, Ave da Periferia, Cardozo participa de saraus e discute a produção artístico cultural da região. O poeta chegou para falar.

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